BENVINDO

que bom que você veio amigo , sua presença me alegra saber que queres desfrutar de algum tempo lendo o que posto nesse espaço que compartilhando nos edificamos .
Powered By Blogger

Sociedade Biblica do Brasil

livros que devorei

  • a proclamação do evangelho karl barth
  • as confissões de agostinho
  • discipulado Bonhoeffer
  • diário de um sedutor kiekggard
  • evangelho segundo joão apostolo joão
  • noite escura san juan de la croix
  • o alquimista paulo coelho
  • resistência e submissão bonhoeffer

rosas á vida

rosas á vida
ainda que á morrer o coração ainda pulsa , rosas á vida e não á morte ainda que sangre , que doa ,que soframos por isso , levantemo-nos e respiremos. rosas á vida

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

A vida e a obra de Wolfhart Pannenberg

José Luiz Martins Carvalho
Wolfhart Pannenberg é, certamente, o teólogo protestante que mais atenção dá à relação entre fé e razão na teologia contemporânea. Alguns de seus críticos o acusam de racionalista. Todavia, é necessário esclarecer que há grande diferença entre buscar dar razão à fé, que é o cerne do trabalho deste autor, e tentar racionalizar a fé. Para ele, o cristianismo deve sempre argumentar, sem nunca se furtar a prover respostas ao mundo através de um esforço conceitual.
Nascido em Berlim, na Alemanha, em 1928, ele foi criado numa família cristã, através da qual concebeu o compromisso com o estudo da teologia. Sua conversão, conforme ele próprio conta, não ocorreu a partir de uma experiência única, mas de uma série de experiências, cuja mais marcante ocorreu no início de janeiro de 1945, aos 16 anos, quando voltava a pé de uma aula de piano e, ao ver outro extraordinário pôr-do-sol, ele se tomou consciência de sua própria existência humilde e finita. Alguns meses antes, ele havia escapado por pouco de um bombardeio americano à cidade de Berlim durante a Segunda Guerra Mundial. Pannenberg assim narra sua posterior tomada de consciência deste acontecimento:
“Eu não sabia, à época, que 6 de janeiro era o Dia da Epifania, assim como não me dei conta de que naquele momento Jesus Cristo havia reivindicado a minha vida como uma testemunha da transfiguração deste mundo, iluminado pelo poder e julgado por sua glória. Mas aí começou um período de ânsia para entender o sentido da vida, e uma vez que a filosofia não parecia oferecer respostas para o final dessa busca, eu finalmente decidi provar a tradição cristã mais seriamente do que eu havia considerado antes.”
Mais tarde, Pannenberg estudou teologia e filosofia em Berlim, a partir de 1947. Neste período, tomou contato com a teologia de Karl Barth de quem se tornou admirador, especialmente de sua ênfase na soberania de Deus na sua revelação. Em 1950, ele foi à Basiléia para estudar à sombra do próprio Barth. Da influência do teólogo suíço, Pannenberg nunca se livrou completamente, seja como admirador, seja como crítico contumaz.
Depois deste período, Pannenberg foi completar seus estudos teológicos na Universidade de Heidelberg. Ali sedimentou suas relações com a filosofia e a história, especialmente sob a influência de seus professores Karl Löwithe Gerhard von Rad. O próprio Pannenberg explica essas influências em seu pensamento:
“Ao mesmo tempo, eu cheguei a entender que a história apresenta o aspecto do mundo de nossa experiência, a qual, de acordo com a fé judaica e cristã, revela a presença de Deus em sua criação. Nesta descoberta, eu muito devo às palestras de Karl Löwith sobre a radicação teológica das modernas filosofias da história, bem como à interpretação de Gerhard Von Rad do Antigo Testamento.”
Em Heidelberg, Pannenberg participou da organização de um círculo de teólogos para refletir acerca da realidade de Deus a partir da experiência histórica, da tradição, da exegese crítica e, também da reflexão filosófica e teológica. Este círculo entendeu que não existe nenhuma abordagem conceitual direta a Deus e nem de Deus à realidade humana, mas que a presença de Deus está escondida nas indicações da história. Para eles, “o mesmo Deus da revelação toma lugar na história e justamente os escritos bíblicos sugerem esta chave da solução para o problema da teologia fundamental”.
Como resultado de mais de dez anos de estudos e debates, o círculo de Heidelberg publicou em 1961 uma obra programática cujo título foi Revelação como História. Neste livro, “colaboravam, em matéria de ciências bíblicas, Rolf Rendtorffe Ulrich Wilckens; para as ciências históricas, Trutz Rendtorff; Pannenberg (…) assinava a introdução e a síntese conclusiva”. Esta obra reflete as idéias do grupo, já preconizadas por Pannenberg num importante artigo de 1959 intitulado Evento da salvação e história [Evento da Salvação e História].
Em Offenbarung als Geschichte [Revelação como História], Pannenberg apresenta o livro na introdução e escreve o último capítulo, sob o título “Dogmáticos da Doutrina da Revelação”, onde apresenta sete teses: Na primeira tese, apesar de admitir a presença de alguns exemplos contrários, ele afirma que, de um modo geral, na Bíblia a revelação aparece com uma natureza indireta. Na segunda, O Antigo Testamento afirma que o conhecimento de Deus primeiro vem no olhar para a sua ação na história, assim, o conhecimento divino é mediado pelas manifestações em cujo sentido é revelado o seu governo. Já na terceira tese, Pannenberg enfatiza novamente a importância do desenvolvimento da escatologia em Israel, cujas bases estão na universalização do conhecimento de Deus. Na quarta e última tese, o caráter ancipatório da revelação. Com o aparecimento e obra de Jesus, o aspecto central da expectativa judaica – a vinda do reino – é agora operada na revelação antecipatória do governo de Deus na pessoa e na história de Jesus.
Mais tarde, Pannenberg publicou sua Systematische Theologie [Teologia Sistemática], dando forma material às premissas levantadas em seus escritos metodológicos anteriores. Sobre isso, Stanley J. Grenzafirma:
“Em sua Teologia Sistemática, Pannenberg realiza o programa indicado em seus escritos metodológicos. Ele está tentando dar uma nova direção para a compreensão teológica, a fim de combater o que ele percebe ser uma ampla privatização das crenças religiosas, em geral, e da teologia, em particular. Para Pannenberg, ao contrário, a teologia é uma disciplina pública.”
A Systematische Theologie de Pannenberg possui duas importantes características que apontam para a idéia geral de todo conjunto de seu pensamento dogmático. A primeira refere-se ao fato de que Pannenberg deseja fazer uma “teologia pública”, para tanto sua teologia dogmática tem foco na razão. A segunda característica repousa no caráter escatológico do cristianismo que aponta para o eschaton e, assim, para a esperança. A integração destes dois temas, razãoe esperança, constitui-se na linha-mestra de seu pensamento como explica o próprio Pannenberg:
“O entendimento do kerygma foi justamente de adesão à fé. A obediência da fé em relação ao kerygma seria uma ilusória auto-salvação do homem se não fosse motivado pela compreensão e, se ela não significava ser conquistado pela verdade da mensagem.”
Em suma, o pensamento de Pannenberg pode está firmado sobre um tripé básico: razão, história e prolepse. A razão é o pressuposto central de seu programa teológico, que enfatiza a possibilidade de verificação e validação da verdade. A história é o método, a linguagem pela qual esta verificação encontra lugar. A prolepse é a resposta que carrega em si o significado da antecipação histórica do futuro escatológico do mundo e da humanidade na ressurreição de Cristo.
Cf. FRAIJÓ, Manuel. El Sentido de la Historia, p. 14.
Cf. PANNENBERG, Wolfhart. God’s Presence in History. In: Christian Century, 11 de Março, 1981, p. 260.
PANNENBERG, Wolfhart. God’s Presence in History. In: Christian Century, 11 de Março, 1981, p. 260.
Cf. PANNENBERG, Wolfhart. God’s Presence in History. In: Christian Century, 11 de Março, 1981, p. 261.
Karl Löwith (1897-1973), filósofo judeu alemão, que refletiu exaustivamente acerca da filosofia da história, com especial atenção para as influências da cosmovisão judaico-cristã sobre o moderno conceito de História.
PANNENBERG, Wolfhart. God’s Presence in History. In: Christian Century, 11 de Março, 1981, p. 262.
Cf. PANNENBERG, Wolfhart. God’s Presence in History. In: Christian Century, 11 de Março, 1981, p. 260.
Rolf Rendtorff (1925-), exegeta e teólogo alemão, foi contemporâneo de Pannenberg na Universidade de Heidelberg e colaborador do grupo de jovens teólogos que participaram do chamado “círculo de Heidelberg”, que produziu o manifesto programático Offenbarung als Geschichte. Mais tarde, substituiu Gerhard von Rad na cátedra de Antigo Testamento daquela universidade. Atualmente, dedica-se ao estudo do AT e suas relações com o judaísmo.
GIBELLINI, Rosino. A Teologia do Século XX, p. 271.
PANNENBERG, Wolfhart. Dogmatic Theses on the Doctrine of Revelation. In: PANNENBERG, Wolfhart (Org.). Revelation as History, p. 125ss.
Stanley J. Grenz (1950-2005), teólogo batista norte-americano, foi orientado por Wolfhart Pannenberg em seu doutorado na Universidade de Munich, na Alemanha. Desde então, tornou-se um dos maiores conhecedores e divulgadores do pensamento de Pannenberg em língua inglesa.
GRENZ, Stanley J. Reason for Hope, p. 6-7.
Cf. GRENZ, Stanley J. Reason for Hope, p. 8-9.
PANNENBERG, Wolfhart. Basic Question in Theology, Vol. 2, p. 52-53.
Cf. SHULTS, F. LeRon. The Postfoundationalist Task of Theology, p. 84s.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

comente